
Quem é músico, sabe : aprender a tocar um instrumento é um processo de autoconhecimento que demanda tempo e dedicação.
Quando o público escuta uma música de 4 minutos de duração, muitas vezes não tem ideia no tempo gasto pelo artista para condensar em tão pouco tempo várias horas de estudos.
Trabalhar com música é trabalhar com o tempo. Usamos o metrônomo, aparelho que mede o tempo da música em batidas por minuto para nortear os músicos sobre a regularidade temporal. Exemplo : se a música tem 60 BPMs, significa que o metrônomo mede uma batida a cada segundo . Se a música tem 120 BPMs , siginifica que o metrônomo mede 2 batidas a cada segundo. Isso ilustra, a grosso modo, a ligação do músico com o tempo.
O tempo nos diz quantas notas podemos executar em determinado compasso para que o arranjo tenha dinâmica, etc. Logicamente , a grande sacada é saber quantas e quais notas fazem o som ficar mais bonito em determinados momentos da música. A dosagem entre tempo e bom gosto é algo essencial. Tudo depende da sonoridade que se busca dentro de um determinado estilo, pensando sempre em transmitir emoção para o público. Não é uma tarefa fácil. Emocionar as pessoas usando notas musicais é algo mágico , que depende de vários fatores, inclusive, muitas horas de prática. Olha o tempo aí de novo !
Quando vou estudar música , ligo o despertador para acordar-me após minha viagem no tempo.Entro em uma bolha temporal na qual esqueço o tempo ao redor e entro em um mundo no qual só há eu, o metrônomo e a guitarra. O interessante é que, durante o processo de estudo , tudo é definido pela música, como se eu estivesse em outro mundo, outra dimensão, é algo meditativo. Essa meditação musical reorganiza minha cabeça e alimenta minha alma. Parece que seres que habitam essa dimensão sonora estão ao meu lado, sussurrando em meus ouvidos ou, estranhamente, conduzindo minha mão pelo braço do instrumento. É como se eu estivesse em um lugar onde a única lei existente é a lei da música. Esse mundo é governado por 3 princípios : harmonia ,melodia e ritmo.
Não é à toa que há muitas músicas que falam sobre o tempo sob várias óticas. Vivemos cercados pelo cronômetro e , mesmo inconscientemente, calculamos o tempo o tempo todo em que estamos fazendo música . Fui redundante ?
Texto escrito por Oswaldo Marques
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