
Banda na ativa há mais de 30 anos. Trabalho autoral, independente, irá se apresentar dia 27 de novembro o seu novo trabalho intitulado Longa Jornada Noite Adentro.
O Ex Machina, é formado por Sandrine (vocais), Memê (guitarra), Johnny (baixo) e Doc Brown (bateria). Como tantas outras bandas, surgiu sob a influência do Clash, do Blondie, dos Pretenders e de inúmeras outras bandas que brilharam no início dos Anos 80. Surgiu alguns anos atrasado em relação ao grande boom do rock nacional, que alavancou as carreiras de diversos artistas e bandas no Rio (Lulu Santos, Eduardo Dusek, Barão Vermelho, Lobão, Kid Abelha), em São Paulo (Ira, Inocentes, Ultraje A Rigor, Gang 90 e as Absurdettes, Mulheres Negras), em Porto Alegre (Replicantes, Cascavelletes) e em Brasília (Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude). Quando chegaram à cena, as gravadoras já não estavam mais correndo atrás de bandas de rock, e pareciam satisfeitas com as que já tinham sob contrato.
Pois o Ex Machina peitou o mercado e saiu independente. Em 1996, gravaram às próprias custas seu disco de estreia — O Mundo Gira e a Ex Machina — e lançaram por um selo independente. O disco fez alguns amigos pelo Brasil afora, e serviu para mostrar para a crítica e para segmentos do público que, além do Harry e do Volcano, havia vida inteligente no rock do Litoral Paulista. Mas não abriu as portas de nenhuma gravadora para eles.
Mesmo assim, a banda não jogou a toalha. Veio o segundo disco, Darwinista (2007), com uma sonoridade ainda mais arrojada e uma maturidade musical conquistada a partir de ensaios semanais com trocas de ideias constantes e muita disciplina. Darwinista foi muito bem recebido pela crítica e posicionou o Ex Machina como um dos grandes tesouros escondidos do rock brasileiro. A essa altura dos acontecimentos, as gravadoras já não existiam mais, e a saída era sobreviver à hecatombe que havia tomado conta da Indústria Fonográfica. Darwinista é, de certa forma, uma afirmação bem-sucedida neste sentido.
E agora, em 2019, nos vemos diante deste Longa Jornada Noite Adentro, uma sequência natural às sonoridades desencadeadas por Darwinista doze anos atrás, mas com uma atitude musical diferenciada e extremamente plural. Se nos discos anteriores o Ex Machina parecia muitas vezes um “studio outfit”, dessa vez sentimos com clareza incontestável uma banda de verdade tocando em todas as faixas do disco. A guitarra de Memê busca texturas musicais que oscilam entre Tony Iommi e Robert Fripp — como se algo assim fosse possível –, e a cozinha pulsante e criativa do baixista Johnny e do baterista Doc Brown se entrelaçam levando o ouvinte a uma experiência musical extremamente interessante. Sem contar que a própria sequência de faixas do CD mostra uma participação cada vez maior dos quatro membros da banda nos vocais principais — tarefa que, antes, ficava totalmente a cargo de Sandrine.
(Texto - Chico Marques, radialista e produtor musical)
Café Piu Piu
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